por Carol Camocardi
De consumista e louco todo mundo tem um pouco. Adaptando o velho ditado, estamos na era do consumismo e o assunto está estampado em todo canto. Por mais que corremos, sempre acabamos escorregando em uma comprinha aqui e ali.
E chegado a Black Friday, vem a tão esperada hora da liquidação. Somos afogados por tantos slogans de X% off. O coração dispara, a mão começa a suar e você sente aquele impulso no corpo de andar sozinho e quando se dá conta, já está dentro da loja (física ou virtual) olhando araras e araras entulhadas de peças que gritam: me levem para casa!
Há os que compram por impulso, os que acham que precisam de tudo aquilo, os que compram por carência, os que compram porque estão felizes, os que tentam comprar a felicidade, os que compram por distração, os que compram por competição, os que compram por compulsão.
As razões são infinitas e podemos nos justificar por horas, enquanto vivenciamos a ressaca da compra antes de sermos seduzidos pelo próximo desconto.
A sedução é como um namoro, sempre há a paquera antes do fato consumado. A paquera pode vir pela grife, coleção ou vitrine, todas impecavelmente preparadas para nos pegar. E ao entrar temos os nossos cinco sentidos acariciados, sentimos aquele perfume delicioso, enquanto te oferecem um cafezinho e você sente a seda deslizando pela pele, ouvindo uma música que te leva para outro estágio, olhando coisas belas que podem ser todas suas.
É igual ao primeiro encontro, sempre mostramos nosso melhor, seduzimos e conquistamos.
E o que tem de errado nisso? A princípio nada, desde de que esse relacionamento seja saudável e equilibrado. Este é o primeiro ponto chave da questão. É a resposta que cada uma de nós temos que encontrar.
A liquidação é muito bem-vinda quando você vai pagar muito menos por aquela peça que fará a diferença; que será necessária. Podemos até dizer que economizamos. O prazer de passar algumas horas dentro de uma loja dos sonhos não trará nenhum prejuízo se você se der conta que comprará apenas dentro dos seus limites tanto financeiros quanto de necessidade. Neste momento entra a “lista de compras”.
Muita gente não vai ao supermercado, sem antes montar uma lista. Mas quem já saiu para o shopping com lista nas mãos?
Isso é um dos passos da compra consciente. Saber o que precisa, o que realmente fará a diferença no seu armário e o valor que aquela peça deve custar, pode ajudar a se jogar no mundo das liquidações e não se apaixonar loucamente por tudo.
Você pode até flertar, como dizia minha avó, mas já tem consciência que aquilo não serve para você e só ocupará mais espaço na vida.
A lista; não sair para comprar na companhia de consumistas convictas; não se deixar levar por opiniões de amigos ou vendedores; provar bem e sentir a peça no corpo, tendo um momento para descobrir o conforto ou desconforto e se conhecer bem, são ferramentas que ajudarão a fazer uma compra bem-sucedida e não cair na fossa da ressaca pós-compra.
O que seria isso?
Já sentiu aquele frio na barriga com um misto de dor de estômago, enquanto pensa: o que eu fiz? Por que comprei isso, ou tudo isso? Logo após a sensação corpórea vem uma mini depressão de paralisia “não vou comprar mais nada”. E é quando a ficha caí, saber que fez uma péssima escolha. A culpa vem depois quando nos acusarmos, julgamos e nos declaramos culpados. Só falta a sentença final.
A psicanalista do Espaço Partager, especializada em compulsão, Alessandra Cejkinski, explica que este é um sentimento improdutivo: “A culpa é uma sentença, diante da qual não podemos fazer mais nada, já está feito. A responsabilização dá margem para o entendimento, para a ação e a quebra do comportamento”.
Está aí outra chave mestra: Responsabilidade. Somos responsáveis por tudo que compramos, tanto no âmbito material, quanto emocional. Com responsabilidade, evitaremos gastos demasiados com o nosso cartão de crédito.
Compramos, assim, conexões saudáveis, passamos a nos relacionar de maneira equilibrada com os sonhos.
Como uma amiga disse: “entrar em uma loja e ver as primeiras araras lotadas com cartazes vermelhos de liquidação é como paquerar muitas pessoas, você se deixa levar pela aparência, pelo status, mas na verdade a peça que está precisando mesmo está no fim da loja, escondida em uma prateleira com um preço legal”.
Adorei a analogia, pois o prazer da compra se assemelha muito ao prazer da conquista. Se for efêmera, nada acrescentará e pode acarretar problemas. Porém, quando feita com consciência, vivenciar o momento é delicioso e sem efeitos colaterais.
Apaixone-se com consciência, mas não compre qualquer coisa.
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"Desenvolvi o conceito da Imagem Consciente com consultorias personalizadas e cursos online de consultoria de imagem e coloração pessoal com foco no autoconhecimento, desconstrução de paradigmas e reorganização de conceitos de imagem pessoal. Ajudo você a expressar seu brilho."
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